Mirela Paes não segue o padrão princesa em perigo, vem saber o motivo.
A autora Mirela Paes conta pra gente como é ser uma mulher que escreve sobre empoderamento feminino e igualdade de gênero. Seu último lançamento, Maliciosa conta a história da Ana, uma it girl que é exemplo de independência e determinação.
Leia a resenha do livro Maliciosa aqui.
1. Qual é a maior dificuldade para mulher quando ela inicia no meio editorial?
Existem muitas dificuldades e não só para as mulheres, mas muitas dificuldades para os autores de um modo geral. Existe um mercado que ainda está se adaptando, um mercado que está começando finalmente a se abrir de fato para os novos autores, mas eu acredito que o meu maior desafio como mulher é que vão esperar sempre, que por eu ser mulher, vou ter que escrever uma história clichê, um romance, uma personagem que seja virginal, conflitos mais leves.
A maior dificuldade é driblar essa expectativa, de por ser uma mulher no mercado nacional, eu vou escrever só romance, em que a personagem ou a vida dela, a grande mudança da vida dela gira em torno de um par romântico. Eu gosto de escrever romances, escrever sobre relacionamentos, mas existe uma prioridade em ter a protagonista em destaque, dela ser protagonista da sua própria vida. De ter equilíbrio entre o profissional e o sentimental, familiar, porque eu acredito que isso é muito importante.
Os livros ensinam e permitem que a gente aprenda muito, e eu quero representar essas mulheres, quero muito levantar essa bandeira do equilíbrio. Que você pra você ser feliz pra sempre, você não precisa ter um par amoroso.
2. Já vivenciou algum preconceito por ser mulher no meio editorial? Se sim, qual?
Uma negativa que eu tive sobre a publicação do livro Maliciosa, porque ela era uma personagem muito ativa, muito dona da sua própria sexualidade, muito bem resolvida com relação a empreender, a começar um negocio, muito bem resolvida com a sua imagem.
Existe um esteriótipo que as mulheres que são sexualmente ativas, que compreendem o poder da sua sexualidade são vilãs, problemáticas, mulheres que vão causar problemas. Eles não conseguem simplesmente ver que personagens femininas, que mulheres assim como homens, são seres humanos, e tem necessidades. Muito mais além do que o lado sexual, a Ana é uma personagem super liberta, ela quer conhecer mais sobre o corpo e seus desejos, e não tem nada de errado nisso.
A negativa veio por ela ser uma personagem evoluída demais, eu nunca vou esquecer dessa negativa, de que um livro com preceitos feministas nunca poderia ser publicado e fazer sucesso, que aquela casa editorial preferia que as personagens femininas seguissem o rumo do mercado editorial, personagens padrão princesa em perigo, que precisa de um príncipe pra poder se resolver e não uma princesa que se torna rainha e que resolve as suas próprias coisas e escolhe um rei para reinar ao seu lado.
3. Qual foi a maior dificuldade em publicar um livro adulto onde a personagem principal é um símbolo de empoderamento feminino e que serve de incentivo para as mulheres serem o que quiserem?
Algumas pessoas não gostam, acham que ela é chata, egoísta, que ela devia largar tudo e ficar com o cara, porque o cara faz tudo por ela. E eu acho que a minha maior dificuldade é que eu estou cansada de ler sobre mulheres que largam tudo, de ver história reais, que largam tudo em nome do amor, enquanto que o relacionamento é feito de duas pessoas, que tem que ter o ponto de equilíbrio, as duas tem que se apoiar.
As vezes um opta por desistir da carreira profissional, e segue ajudando o outro. Muitos empreendedores e empreendedoras fazem isso, e a Ana tem esse perfil de It Girl, e a gente vem percebendo no mercado como essas mulheres tem seus maridos, namorados, ao seu lado, trabalhando com elas. São maridos que largam a a carreira que eles tinham e adaptam a carreira junto com elas, não é mais só a mulher que tem que largar tudo pelo homem, a mulher tem que se martirizar porque não viveu um grande, tem que viver atras de da metade da laranja dela. Não, todo mundo é completo e eu acredito muito nisso.
Temos que encontrar alguém que possa transbordar junto e eu acredito que a Ana é uma personagem muito importante, divisora de águas na minha carreira, por ser forte e empreendedora no ramo digital, essa nova geração é muito importante. recebi depoimentos lindos sobre como se sentiram empoderadas, inspiradas e adoraram ver uma personagem forte, determinada, que quer construir uma carreira mas que também se permite descobrir.
Essa é a minha marca, escrever sobre protagonistas, não sobre mocinhas que dependem de mocinhos ou de algo que não venha delas mesmas, que não seja decisões delas para serem felizes.
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